Rejeitos da mineração

A mineração é uma atividade que engloba diversas etapas, e, após adquirir e preparar o material objetivado, tem-se os rejeitos da mineração.
O estéril e o rejeito compreendem resíduos provenientes das atividades mineirais. Sendo assim, podem apresentar implicações econômicas, sociais e ambientais.
Estéril
O estéril compreende o material produzido a partir do decapeamento da área mineira, ou seja, diz respeito à camada de matéria que se deposita sobre o minério, logo, não possui valor econômico.
Rejeito
O rejeito é resultado das operações de beneficiamento do minério e geralmente é depositado em barragens. Nesse sentido, pode dispor de elevado grau de toxicidade, metais pesados, reagentes, além de partículas dissolvidas e em suspensão.
Aproveitamento dos resíduos da mineração
Logo, faz-se necessário o gerenciamento adequado de tais resíduos, o que implica ao empreendedor uma série de gastos. Sendo assim, estando estes vinculados aos passivos ambientais, evidencia-se a necessidade de investimento em tecnologias de monitoramento e alocação destes materiais. Desse modo, é possível evitar eventuais contaminações e acidentes.
Os trágicos eventos ocorridos em Mariana e Brumadinho evidenciaram uma má gestão dos rejeitos na mineração, bem como a importância em se conhecer e monitorar as estruturas que os comportam.
Desta forma, com o objetivo de minimizar impactos ambientais e criar receita, a segmentação dos rejeitos na indústria entra como uma alternativa eficaz. Em outras palavras, pode reduzir a extração do minério, o tamanho das pilhas de estéril e barragens de rejeito, além de aumentar a vida útil da jazida, tendo em vista o reprocessamento dos resíduos.
O aproveitamento dos rejeitos como fonte de materiais alternativos tem ganhado bastante espaço no ramo da indústria civil.
Desse modo, como a aplicação destes resíduos depende das características de cada depósito mineral, de forma geral, têm-se as seguintes segmentações:
- Finos de Ferro – Siderúrgicas e recentes aplicações na indústria civil
- Resíduos Finos de Rochas Ornamentais – Argamassas, cerâmicas vermelhas (tijolos, telhas), vidro, tintas, manilhas, corretivos de solos, entre outros.
- Resíduos grossos de rochas ornamentais: Fábricas de cimento, brita e areia artificial, artesanatos, seixos ornamentais, bijuterias, muros de contenção de taludes, pavimentação, filetes para muros etc.
CARACTERIZAÇÃO DE REJEITOS DE MINÉRIO DE FERRO

Assim, tem-se a caracterização tecnológica dos rejeitos como etapa indispensável à obtenção de certos parâmetros, o que engloba a determinação das características químicas e físicas do material.
Tomando-se como exemplo a caracterização de rejeitos de minério de ferro, comumente faz-se necessária a obtenção dos seguintes parâmetros:
- Físicos – Densidade; Granulometria; Área Superficial Específica.
- Químicos – Análise semiquantitativa (FRX).
- Mineralógicos – Identificação de Fases (DRX); Identificação Morfológica (MEV).
A partir da caracterização tecnológica e levando-se em consideração a composição química das amostras, os estudos de concentração podem ser justificados e realizados subsequentemente, bem como a inferência de certos parâmetros, que podem estar ou não em conformidade com os critérios estabelecidos pelas mineradoras.
PROCESSAMENTO MINERAL

Sequencialmente, tem-se o processamento mineral, o qual compreende uma série de operações realizadas no minério bruto, objetivando a obtenção de produtos comercializáveis.
Diferentes rotas de beneficiamento apresentam diferentes resultados quanto ao aproveitamento do minério. Sendo assim, o objetivo é determinar em qual delas se obtém o rendimento máximo.
Levando-se em consideração as propriedades magnéticas e a granulometria do rejeito de minério de ferro, é necessário buscar mais informações a respeito do material. Dessa forma, é comumente necessário realizar testes de concentração exploratórios em diferentes tipos de separadores magnéticos, sendo alguns deles:
- Baixa Intensidade
- Imã Permanente
- Alta Intensidade
De acordo Luz e Lins (2010) o beneficiamento do minério de ferro consiste de um conjunto de operações. Nesse sentido, as principais envolvem cominuição (redução do tamanho mediante moagem e britagem), separação por tamanho (por peneiras, ciclonagem e classificação espiral), concentração, separação sólido/líquido e disposição de rejeito.
No contexto de produção brasileiro, cominuição, separação por tamanho e concentração gravítica, em geral possibilitam a obtenção dos teores exigidos comercialmente.
Existe certa variedade em relação as granulometrias do minério de ferro. Dessa forma, são divididas em granulado (entre 200 e 12,5 mm), finos para sínter ou sinter feed (entre 12,5 e 0,15 mm) e finos para pelotas ou pellet feed (menor que 0,15 mm). Sendo assim, de acordo com as características do material em questão, novas metodologias podem ser empregadas. Para a obtenção do minério em sínter e pellet feed, os quais são comuns em rejeitos, a flotação e a separação magnética são os meios de concentração mais usados.
ESTUDOS DE CASO
Gomes (2009) estudou o rejeito proveniente do processamento do minério oriundo da mina de Córrego do Feijão em Brumadinho – MG, que beneficiava hematita e itabirito limonítico. Tendo-se realizado todos os procedimentos de amostragem e caracterização tecnológica, pode-se obter novos parâmetros para a concentração magnética. Concluiu-se, portanto, que o material antes classificado como rejeito, atendia aos critérios químicos de pellet feed, possibilitando a produção do concentrado de minério de ferro.
Andrade (2014) estudou os rejeitos provenientes de quatro barragens do Quadrilátero Ferrífero, onde, mediante a determinação de certos parâmetros já citados, como por exemplo, identificação das fases minerais, morfologia dos grãos, granulometria e composição química, inferiu que o material apresentava características congruentes à utilização na construção civil. Dentre as segmentações destacam-se a fabricação de concretos, cerâmicas, argamassas, além de obras de pavimentação. Do mesmo modo, testes mecânicos tornam-se necessários para inferir a viabilidade da utilização dos rejeitos para esta finalidade.
Autor: João Vítor de Souza Nascimento
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