Minas Gerais, o estado do pão de queijo! Entretanto, o nome do estado advêm da grande quantidade de minas encontradas na região. Não só de minas de ouro, mas também de outros elementos como ferro, bauxita, manganês, estanho e vários outros.
A região honra o seu nome, e a principal atividade econômica de Minas Gerais é a explotação mineral. Nesse quesito a área do Quadrilátero Ferrífero é de fundamental importância. Considerada uma das mais importantes províncias minerais do país, suas riquezas têm sido exploradas por séculos, o que causa frequentes antagonismos entre a explotação e a preservação da área.
O que é o Quadrilátero Ferrífero?
O Quadrilátero Ferrífero é uma estrutura geológica que abrange uma área (com aproximadamente 7.000 km²) localizada na região central do Estado de Minas Gerais. Estende-se entre Outro Preto e Belo Horizonte. Inclui também os municípios de Caeté, Itabira, Itaúna, João Monlevade, Mariana, Ouro Preto, Rio Piracicaba, Sabará e Santa Bárbara.
História do Quadrilátero Ferrífero
O Quadrilátero Ferrífero foi um importante marco para a interiorização da ocupação portuguesa, com o início da mineração em meados do século XVII. Sendo um importante polo aurífero do Ciclo do Ouro (período em que a extração e exportação do ouro dominou a dinâmica econômica do Brasil colonia).
Acredita-se que seu nome, baseado, obviamente, nos vastos depósitos de ferro encontrados na área, foi adotado pelo geólogo Gonzaga de Campos, no final dos anos 50.
Geologia do Quadrilátero Ferrífero
Seu embasamento e áreas circunvizinhas são compostos de gnaisses tonalítico-graníticos de idade arqueana. Acima deste embasamento cristalino encontram- se três unidades de rochas metassedimentares supracrustais:
- Supergrupo Rio das Velhas: composto de metassedimentos vulcanoclásticos, químicos e pelíticos. É considerado um cinturão de rochas verdes (Greenstone belt). Neste supergrupo ocorrem as jazidas de ouro em sua paragênese clássica de sulfetos.
- Supergrupo Minas: possui até 6000 m de espessura é composto principalmente de metassedimentos pelíticos e quartzosos e coloca-se discordante acima do cinturão verde Rio das Velhas.
- Grupo Itacolomi: basicamente composto de quartzitos.
O Grupo Itabira é o mais significativo em termos econômicos, dentre os outros Grupos que compõem a geologia do Quadrilátero. Contendo os BIFs (do inglês banded iron formations), que são minérios de ferro bandeados, localmente denominados itabiritos.
As reservas minerais
As principais reservas do Quadrilátero são as de minério de Ferro, sendo avaliadas em 2015 em aproximadamente 29 bilhões de toneladas e responsável por 60% da produção nacional. No entanto, engana-se quem acredita que só é extraído ferro da região. O Quadrilátero abriga também vastas reservas de ouro, manganês, bauxita, argila, caulim e calcário.
Essa produção, é destinada ao abastecimento das usinas siderúrgicas nacionais e uma parte à exportação.
Ferro
A região do Quadrilátero foi considerada a maior jazida de ferro do Brasil durante a década de sessenta e setenta. Graças a ocorrência abundante de formações ferríferas bandadas, os BIF’s (do inglês Banded Iron Formations). No Quadrilátero Ferrífero, os minérios de fácies silicatadas dominam , seguido por minérios de fácies carbonatadas. A ocorrência de minérios do tipo Algoma são mais raros.
Atualmente, encontram-se cerca de trinta minas em explotação. A China, Japão e o mercado europeu, constituem o principal mercado internacional do minério nacional. Atendendo a necessidade destes países, muitas das companhias de mineração produzem também o chamado Pallet Feed– um tipo de minério com menos de 0,15 mm, o mais fino dentre eles. Ele é usado misturado à outros tipos ou para alimentar o processo de pelotização-.
Ouro
Se o peito de Minas Gerais é de ferro, seu coração é de ouro e não cabe no peito. A ocorrência de ouro no estado vai além do Quadrilátero Ferrífero, sendo regionalmente muito mais distribuída do que a de ferro.
O ouro do Quadrilátero ocorre nas rochas quartzo-carbonáticas xistosas do supergrupo Rio das Velhas em paragênese com sulfetos de ferro (Pirita, FeS2), cobre (calcopirita, CuFeS2) e arsênio (arsenopirita, FeAsS). Ou, encontra-se em zonas de falhamentos dentro dos itabiritos do supergrupo Minas.
Uma particularidade, que deu o nome à cidade de Ouro Preto, é a coloração negra do ouro encontrado nas pepitas da região. Em 1985 um grupo de pesquisa da UFOP, junto a colegas da Universidade de Mainz na Alemanha demonstraram que os grãos do ouro preto devem sua cor a finas películas de óxido férrico que envolve as pepitas.
Problemas ambientais
Com a crescente demanda por recursos naturais, e em contrapartida, a redução cada vez maior dos habitats naturais, as unidades de conservação do Quadrilátero Ferrífero, apesar de significantes, têm sido insuficientes para a conservação do seu meio ambiente.
Além de questões urbanas, são observados os impactos ambientais físicos impulsionados pela exploração mineral, principalmente pelas minerações de ferro. Como eventos erosivos, degradação da paisagem regional e carreamento de sólidos para as calhas dos rios e córregos.
Ademais dos impactos de natureza química, como é o fenômeno da drenagem ácida. Ela é resultado do intemperismo dos sulfetos que ocorrem associados ao ouro, quando expostos a condições de maior oxidação e drenagem. Podem causar mobilização de metais pesados que podem ser levados aos sistemas hídricos e a poluição por mercúrio nos garimpos, relacionado à concentração do ouro após sua lavagem na bateia.
O aumento gradativo da preocupação com relação à preservação ambiental, trouxe diversos conflitos econômicos e ambientais. Como, por exemplo, o ocorrido no Monumento Natural da Serra da Piedade, em relação aos limites de preservação definidos por lei. Ou ainda, a divergência ocorrida em 2007, no Parque
Estadual da Serra do Rola-Moça, na tentativa de redução da área representada pela mineração e ocupação de loteamentos urbanos.
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Autora: Alice Franco
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