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Pseudomorfismo: A falsa forma dos minerais

Pirita Limonitizada, pseudomorfo de substituição da pirita.
 

Já observou algum mineral, seja em alguma exposição ou no campo, que visualmente se parece com um mineral mas que na verdade é outro? Bom, isso acontece devido ao pseudomorfismo.

Mas então, o que é pseudomorfismo?

Bom, pseudomorfismo pode ser descrito como um fenômeno, no qual a estrutura interna do mineral é alterada mantendo sua estrutura externa. O termo pseudomorfo, que significa forma falsa, é usado para designar minerais que foram substituídos internamente e preservaram a forma (hábito) do mineral anterior. Em outras palavras, podemos dizer que a forma do mineral pertence ao mineral de origem, mas no entanto, a sua composição química e estrutura foram modificadas, dando lugar a um novo mineral com a mesma morfologia original.

É pirita ou limonita?

A pirita (FeS2 ) é um mineral que que comumente altera-se para a limonita (Fe-OH.n H2O),  preservando todas as suas feições externas durante a alteração. Tal cristal é descrito como um pseudomorfo de limonita sobre pirita, ou ainda denominada de “pirita limonitizada”.

Pirita, conhecida popularmente de "ouro de tolo"
Pirita. Fonte: Pixabay
Limonita. Pirita alterada, quimicamente, preservando todas as suas feições externas. “pirita limonitizada”
Pirita limonitizada. Fonte: Cristais de Curvelo

 

Os minerais podem ser completamente substituídos no estado sólido ou por infiltração de fluidos, sendo assim classificados em diferentes tipos de pseudomorfismo.

Tipos de Pseudomorfismo

Os pseudomorfos são definidos de acordo com a maneira pela qual são formados. Podem ocorrer por via de três mecanismos: substituição, incrustação e alteração.

Substituição

Neste tipo de pseudomorfo, existe uma remoção do material original e uma substituição correspondente e simultânea dele por outro, sem que ocorra nenhuma reação química entre os dois. Temos como exemplo de pseudomorfismo por substituição a fossilização, ocorrendo a substituição de material orgânico por sílica ou carbonato,  ou do material da concha de amonita por pirita. A alteração pseudomórfica da pirita também ocorre por esse mecanismo.

 

Polimorfismo de substituição. Concha “piritizada”, onde ocorre a substituição da amonita por pirita.
Concha “piritizada”. Fonte: Alexandre Rafael Cabral.

Outro exemplo comum é a substituição por sílica de fibras de madeira para formar madeira petrificada ou pinhas fossilizadas. Um exemplo exótico de pseudomorfismo de substituição é a substituição de concha de caracol por esmeralda. Outro, é a substituição completa de macias cíclicas de aragonita por cobre nativo.

Incrustação

Neste tipo de pseudomorfismo, uma crosta de um mineral é depositada sobre cristais de outro. Frequentemente, o substrato sobre o qual o mineral original cresce é completamente dissolvido e removido, deixando a presença de “moldes”. Um exemplo de pseudomorfismo por incrustação é a incrustação do quartzo sobre cubos de fluorita. Posteriormente, a fluorita pode ser removida inteiramente por dissolução, porém sua presença anterior é indicada pelo contorno da incrustação do quartzo que estava depositada.

Incrustação do quartzo sobre cubos de fluorita. Pseudomorfismo de inscrustação.
Crosta de quartzo sobre fluorita. Fonte: Alexandre Rafael Cabral.

 Alteração

Neste processo de alteração, acontece a adição parcial de novo material e/ou remoção parcial dos materiais preexistentes ou primitivos. Vários exemplos dessa mudança podem ser citados, como a mudança da azurita para malaquita, da anidrita para gipsita, da galena para a anglesita. Outro exemplo é um pseudomorfo de muscovita sobre Coríndon. Nesse tipo de pseudomorfo, é possível encontrar o núcleo do mineral inalterado, consequência do processo que ocorre de forma parcial, atingindo,majoritariamente, a sua superfície.

Malaquita, pseudomorfismo que ocorre na azurita. "pseudomorfo da azurita"
Azurita alterada para malaquita. Fonte: MineralesDB

 

Nem tudo é o que parece ser…

A curiosidade é a pitada para a descoberta. Observar a forma do mineral para identificá-lo pode ser inconclusivo, dependendo da forma que ele se apresenta internamente, e que está longe do alcance dos nossos olhos. Sendo assim, outros fatores precisam ser levados em consideração nessa pesquisa.

São várias propriedades analisadas para identificação de um mineral, sendo o sua forma uma característica mais usual, em um primeiro momento de análise. A morfologia dos cristais é descrita em todos os manuais de mineralogia, chamando essa propriedade de hábito. Saber reconhecer numerosos hábitos cristalinos permite identificar uma grande variedade de minerais, mas é necessário se atentar para as possíveis mudanças que o mineral está sujeito,  como o pseudomorfismo, descrito no texto,e outras transformações, como o polimorfismo, isomorfismo, entre outras. Por isso, quando encontrar um mineral e suspeitar do que se trata, investigue suas propriedades.

Em alguns casos, pode ser necessário a realização de uma análise mais detalhada do mineral, com o intuito de saber com maior precisão a sua composição, e principalmente, a sua estrutura interna. A transformação leva tempo, e consequentemente, a mudança é gradual, contendo parte do mineral de origem e parte do mineral pseudomorfo.  Nesses casos, podem ser utilizados  análises por via úmida, difração de raio-X, fluorescência de raio-x,  entre outras técnicas empregadas.

Assim, podemos ver que o conhecimento de um mineral vai muito além do que se imagina, e todo conhecimento a cerca dele é produto de uma série de testes e análises.

Autor: Benson Vieira

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