Minas Júnior Consultoria Mineral

Obsidiana: de vidro de dragão a mineraloide

Domingo tivemos a estreia da última temporada de Game of Thrones. E uma das coisas mais interessantes da série é a forma com a qual os personagens pretendem derrotar os caminhantes brancos, seres míticos que vêm à terra de Westeros depois de milhares de anos. A maneira é com armas feitas de vidro de dragão, que nada mais é que obsidiana. A obsidiana é um vidro vulcânico que existe de verdade e hoje conheceremos sobre ele.

O Vidro Vulcânico

A obsidiana, além de vidro de dragão para a série, nada mais é que um tipo de vidro vulcânico. Diferentemente dos minerais, que tem uma estrutura cristalina característica, o vidro vulcânico é somente um sólido amorfo. Esse sólido é proveniente do rápido arrefecimento e solidificação do magma. Esse processo rápido impede a formação de uma rede cristalina que o constitua como um mineral.

O vidro vulcânico pode ser chamado também de vulcanito, já que é uma rocha vulcânica, assim como aquelas que formam os basaltos, andesitos ou riolitos. Veja aqui sobre as rochas ígneas.

Tipos de obsidiana

O vidro vulcânico não se constitui somente da obsidiana, mesmo que este seja o mais comum. Podemos ter também:

Pedra Pomes

Apesar de ser uma rocha esponjosa e opaca, características que nos levam a crer que não é um vidro vulcânico, a pedra pomes é um tipo de vidro vulcânico. Assim como a obsidiana, ela também não tem uma rede cristalina definida, podendo ser considerada como vidro vulcânico.

Pedra Pomes. Fonte: Hannes Grobe.

A pedra pomes é formada na fase de liberação de gases da lava, que juntamente com os elementos em fusão, formam um coloide. Esse coloide é uma verdadeira espuma de rocha, que quando solidificada, forma a pedra pomes. Essa rocha tem uma densidade muito baixa e uma textura bem áspera, por isso sua confusão quanto ao fato de ser ou não um vidro vulcânico.

Palagonite

A palagonite tem seu processo formador parecido com o da obsidiana. Nele, água se mistura com basalto em estado de fusão, e sua composição química deriva diretamente do basalto de onde foi formado.

Ela é uma rocha clara, friável e de baixa densidade, podendo formar tufos vulcânicos.

Pillow Lavas em volta de Palagonites amarelados. Fonte: Alex Strekeisen.

A palagonite pode também passar por um processo de alteração, que a torna muito mais dura. Nesse processo, cátions de metais como Si, Al, Ca, Na, K e Mg, preenchem microcavidades da rocha, cimentando-a. A partir disso, formam-se minerais como a tobermotita e a anidrita.

Existem outros tipos de vidro vulcânico, como o sideromelano, o perlite, o hialoclastite, entre outros.

A Obsidiana

Falando mais especificamente da obsidiana, é um mineraloide que contém 70% de sílica. Como já dito ela é formada da lava que solidifica de forma mais rápida que o habitual, e tira assim a possibilidade de formação de novos minerais. Sua composição se aproxima dos granitos e riolitos, embora a obsidiana tenha uma composição muito mais complexa.

A composição da obsidiana que dá a ela sua característica translúcida. Quando aquecida, o teor de sílica (por ser alto), induz o material a uma fase mais viscosa e com maior facilidade de polimerização.

Suas cores geralmente são bem escuras, beirando ao preto. Outras formas muito raras, como a obsidiana arco-íris, podem ser encontradas em depósitos no México.

Obsidiana Arco-íris. Fonte: Luiz Menezes Minerais.

Seus depósitos se encontram sempre em locais de atividade magmática recente. As obsidianas são encontradas em sítios de idades recentes, após o Cretáceo. Isso se deve ao fato de depósitos mais antigos já terem sido alterados, de acordo com pesquisadores.

Na série, vemos que sua origem se dá em um local chamado Pedra do Dragão, que na verdade foi gravado no País Basco, que é uma colônia da Espanha. Infelizmente, não é lá que encontramos as obsidianas na vida real, mas é também em uma colônia da Espanha, La Palma, próxima ao País Basco.

Armas feitas de obsidiana na Antiguidade. Fonte: Joya Energy.

Usos da Obsidiana

Seus usos vem desde os maias. Os humanos as utilizavam para fazer armas e objetos de corte para caçar e limpar carnes. Isso era possível graças à sua fratura conchoidal, que gera superfícies muito finas e cortantes. Hoje em dia, seu uso majoritário é como pedra ornamental e gema, principalmente se tratando das variedades arco-íris e coração. Outro uso possível, mas que não são todos os países que aceitam é que as lâminas de bisturis cirúrgicos sejam de obsidiana. A obsidiana nessas lâminas traz mais precisão ao corte e menos danos ao tecido humano.

O Risco das Falsificações de Obsidianas

As obsidianas são mineraloides muito parecidos com vidros, e dessa forma, vidros podem se passar facilmente por obsidianas para os desavisados.

Em um contexto de aumento da popularidade desse material, seja pela série, seja pelo esoterismo, é necessário cuidado ao adquirir uma obsidiana. Dos cuidados que podemos ter é a confiança de onde adquirimos as amostras e principalmente sua coloração.

As obsidianas não são encontradas em tons claros, como verde ou azul claro e, quando mais claras, são amarronzadas ou arco-íris graças à inclusões. Outra forma de identificação é saber de onde é a amostra que você está adquirindo. Lembre-se que as obsidianas não podem vir de países como o Brasil, pois o Brasil não tem um histórico de atividade vulcânica recente.

Mais informações sobre as falsificações de obsidianas podem ser encontradas aqui.

Autora: Gabriella Lorena

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