O ouro na África do Sul: riquezas, controvérsias e desafios
A África do Sul é conhecida historicamente como uma das maiores produtoras de ouro do mundo. Tendo a presença de grandes multinacionais atuando nessa exploração na região como a Anglogold e Anglo American. Além disso, ainda possui duas das minas mais profundas do mundo. Até o ano de 2006 o país foi o maior produtor de ouro do planeta. Entretanto, nos últimos anos, as reservas de ouro na África do Sul começaram a se esgotar. Em decorrência disso houve uma grande queda na produção.
A mineração de ouro no ano de 2014 representava 7,75% das exportações sul-africanas. Contudo, a mineração no país, assim como em outros países africanos, é marcada por inúmeras controvérsias. Isso se deve ao fato de que a maior parte do lucro não fica na região. Ela é destinadas às elites e as multinacionais que atuam no país. Também, muitas vezes, os trabalhadores dessas minas trabalharam e trabalham em condições sub-humanas.
A Geologia Sul-africana
A massa terrestre sul-africana é bem antiga e diversa. De uma forma mais simplista geomorfologicamente, a África do Sul consistisse em uma planalto central margeado a leste, sul, sudoeste e oeste por grandes escarpas e montanhas escarpadas. Na costa também existe uma estreita faixa de planície.
A geologia do país se apresenta de uma forma diversa. Isso possibilita ao país a explotação em escala mundial de diversos tipos de recursos minerais, não apenas do ouro. Como exemplo tem-se diamante, ferro, carvão e platina (recurso mineral que o país é líder mundial na explotação).
Os supergrupos sul-africanos
A geologia do país é divida em três principais supergrupos:
Supergrupo do Cabo
Está localizado nas áreas de escarpas e montanhas escarpadas. Ele é dividido nos seguintes grupos: Grupo Table Mountain, Grupo Klipheuwel e Natal, Grupo Bokkeveld e Grupo Witteberg. Sua formação ocorreu no contexto de rifteamento (processo de separação de continente) da Gondwana, que originou a América do Sul, a Antártica e a África.
Supergrupo Karoo
É a unidade estratigráfica mais difundida da África do Sul. Ela está localizado no planalto central sul-africano, sobretudo no deserto de Kalahari. Suas unidades estratigráficas consistem principalmente de xistos e arenitos, de origem glacial, marinha e terrestre. Estando depositadas entre o período Carbonífero Tardio e Jurássico Inferior.
Supergrupo Transvaal
Está localizado no norte da África do Sul e no sul da Botswana, na porção sul do cráton de e possui idade entre as eras proterozoica e arqueana. A estratigrafia da região é bem diversa e possui rochas sedimentares clásticas, carbonáticas, formações ferríferas bandadas (BIF’s) e rochas vulcânicas e vulcanoclásticas.
Esse supergrupo é o mais importante para a exploração de ouro na África do sul. Isso se deve ao fato de que lá está localizada bacia de Witwatersrand. Nesse local estão as maiores reservas de ouro do mundo! Lá já foram produzidas mais de 40.000 toneladas de ouro, o que representa cerca de 50% do ouro já extraído no mundo na época.
O ouro encontrado na Bacia de Witwatersrand foi depositado em antigos deltas de rios, originados de cinturões de greenstone belts ricos em ouro encontrados a oeste e norte. Alguns estudos com isótopos indicam que esse ouro tem 3 bilhões de anos proveniantes de intrusões de komatiitos presentes em greenstone beltsTem interesse em saber uma pouco mais sobre os greenstone belts? Leia Greenstone belts e a mineração.
Como a mineração influencia na economia e na sociedade do país?
A África do Sul é a segunda maior economia da África. Sendo considerada a economia mais diversificada e competitiva internacionalmente do continente. Isso dá ao país o título de um país de economia emergente, embora seja uns dos países mais desiguais do mundo. A mineração, por sua vez, representa uma grande parte do PIB local.
Todo o avanço econômico vivenciado pelo país está diretamente relacionado à explotação mineral. A atividade teve início no final do século XIX e ainda ocorre atualmente. Ela teve seu auge durante a segunda metade do século XX. Até o ano de 1993, o país representava 30% da produção mundial de ouro. Entretanto, no decorrer do século XXI o país sofreu uma decaída na produção, devido ao esgotamento das reservas de ouro.
O US Geological Survey estimou que, em 2002, a África do Sul detinha cerca de 38% das reservas mundiais de ouro, o que leva a crer que a mineração de ouro vai continuar sendo uma força motriz da economia do país. Todavia, no ano de 2018, o Conselho Mineral da África do Sul anunciou que 75% das minas do país não são lucrativas devido ao declínio nas reservas de ouro. Sendo isso um desafio para o futuro, buscando explotar minério das reservas que ainda não estão sendo utilizadas.
Historicamente, a mineração teve um papel importante na modernização das cidades sul-africanas. Por exemplo, a cidade de Joanesburgo teve um crescimento econômico, industrial e urbano muito relacionado a história da explotação mineral da região, levando-a a se tornar a maior cidade do país. A mineração também possibilitou aos sul-africanos a diversificação de sua economia, dando o título de economia mais competitiva do continente.
As minas de ouro na África do Sul e as empresas que atuam na região
Com toda a oferta de jazidas de ouro que o país possuí, muitas empresas multinacionais surgiram ou foram para a região para a exploração de ouro. Entre elas estão:
AngloGold Ashanti
A AngloGold possui cerca de 13% da sua produção global na África do Sul. Curiosamente, a empresa tem na região as duas minas mais profundas minas do mundo, com cerca de 4 km de profundidade. A primeira é a mina de Mponeng, situada na província de Gauteng (70km de Janesburgo). Seu tempo de vida estimada é até 2040 e foi responsável pela produção 11481 quilos de ouro em 2012.
A segunda mina é a Tau Tona, que também está localizada na província de Gauteng. Tau Tona produziu 536 kg no ano de 2012. Outro fator interessante sobre essas minas é a necessidade de bombas de despejo de gelo no subsolo para resfriar o ar do túnel para inferior de 30ºC, que naturalmente sería de 60ºC.
Sibenye-Stillwater
É a empresa que mais extrai ouro na Africa do Sul e a decima maior produtora do mundo. Suas principais minas em atuação na atuação na região são a de Beatriz e a de Driefontien.
A mina de Beatriz, localizada no distrito de Matjhabeng (270km de Joanesburgo), produziu 8859 Kg em 2016 e está em atuação desde 1983. A mina de Driefontien, Localizada na província de Gauteng, está em atuação desde 1952 e tem como sua maior profundidade 3400 m abaixo do nível do solo. Além de ter sido responsável pela produção de 13262 kg de ouro em 2016. Outras duas minas que a empresa opera no país são a de Cooke e de Kloof, porém com produção não tão relevantes como as outras duas minas.
Além dessas empresas também atuam no país na exploração de ouro: a Gold Fields, a Anglo American, a Harmony Gold Mining e a Pan African Resources.
Os problemas causados pela mineração
Embora a explotação mineral tenha alavancado a economia sul-africana e gerado muitos empregos, sua ação no país teve alguns impactos negativos sobre a população. De acordo com o economista sul-africano Brian Ashley, apenas 36% dos lucros gerados pela mineração no país são revertido em salários para os funcionários do setor de mineração na África do Sul. Enquanto o restante dos lucros são destinados às multinacionais e os investidores internacionais. Em virtude de esse fato, o desenvolvimento econômico não resultou em avanços sociais significativos no país.
Mineração ilegal
Outro fator que assola a atividade no país são os mineiros ilegais que atuam na região. Muitas vezes, são pessoas vindas de outros países atrás de ouro e outros metais nos túneis antigos de minas desativadas. A mineração irregular põem em risco a vida desses mineiros, que entram nessas minas munidos apenas de lanternas, tochas e picaretas. Como as regiões de minas antigas são geologicamente instáveis, todos os anos morrem trabalhadores por causa de desabamentos.
Baixa segurança
A mineração no país é frequentemente criticada pelo seu histórico de risco de segurança e alto número de mortes, mesmo que as condições tenham melhorado nos últimos anos. Em 1995 o número de mortes em trabalho na mineração foi de 533 e em 2006 esse número caiu para 199. Essa situação se agrava ainda mais quando se trata de mineração de ouro. Uma vez que em 2006 a taxa geral de mortalidade foi de 0,43 por mil por ano enquanto a taxa de mortalidade na mineração de ouro foi de 0,71 por mil.
Além disso estima-se que, na maioria das minas legais presentes no país, os mineiros tenham condições de trabalho similares às condições encontradas na maioria dos países. Contudo a situação se torna diferente nas minas mais profundas. Nelas, as temperaturas nas regiões mais profundas chegam a 60ºC, tornando as condições de trabalho inadequadas. Ao passo que coloca a vida dos trabalhadores em risco. A baixa circulação de ar nessas profundezas é outro fator que prejudica a vida dessas trabalhadores.
Contudo é inegável como a mineração trouxe avanços econômicos e sociais para a África do Sul. Entretanto país ainda tem que lidar com diversos problemas relacionados a explotação mineral sobretudo na explotação de ouro. De tal forma que irá trazer diversos desafios para o futuro do país.
Autor: Paulo Pardini
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3 comments on “O ouro na África do Sul: riquezas, controvérsias e desafios”
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