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Mulheres na mineração

Mulheres na mineração
 

Você sabia que no Brasil, estima-se que 18% das mulheres que trabalham em mineração não são remuneradas?

Pois é, vivemos em uma sociedade em que a desigualdade de gênero e a hierarquização patriarcal do mercado de trabalho ainda reina, e o setor minerário não está de fora.

O estigma cultural e histórico de que a mineração é “trabalho de homem” distanciaram por muito tempo, e dificultam até hoje, a participação das mulheres na mineração, tanto no estudo, quanto na atuação profissional. As oportunidades e a remuneração são inferiores, comparando-se aos homens, além do fato de que, usualmente, para uma mulher ascender nessa carreira, é necessário que ela prove sua competência incessantemente, desde a mineração artesanal, até em grandes instituições minerárias.

História da mulher na mineração

A entrada das mulheres na mineração é de longa data. Os registros arqueológicos mostram a participação das mulheres a partir da antiguidade egípcia e europeia. Elas eram responsáveis pela extração e transporte de minérios e gemas, em garimpos e até em grandes acampamentos mineiros. Além disso, na cultura egípcia, houve mulheres com significativo conhecimento da arte dos metais e minerais. Posteriormente, a atuação das mulheres na mineração segue pelo Império Romano.

Já na Idade Média, em sítios mineiros de extração de ouro em algumas regiões africanas, as mulheres estavam ativamente presentes. Porém seu trabalho foi reconhecido como apenas um auxílio aos homens mineiros. Ademais, na América Central e Sul – américa, elas tiveram uma grande inserção nas minas do auge do descobrimento da prata e do ouro.

Depois disso, por superstições globais, como o azar atraído pelas mulheres dentro das minas ou áreas de garimpo, causando acidentes e maldições, acrescido do discurso de que trabalhar em minas é só para homens, diversos países do mundo proibiram, por lei, as mulheres de trabalharem e até de entrarem dentro de uma mina.

Na era moderna, o trabalho das mulheres na mineração voltou e tornou-se mais importante, por conta da abertura do mercado de trabalho. Isso ocorreu, devido à Revolução Industrial, influenciada também pelas Grandes Guerras. Onde, a atuação dos homens no trabalho diminuiu, especialmente em minas de extração de carvão.

Através dos séculos 19 e 20, as mulheres operárias foram se relegando ao espaço doméstico. Ademais, muitas retornaram ao trabalho na mineração de maneira informal, para complementar a renda familiar.

Desse modo, o panorama atual é a maioria das mulheres mineradoras atuantes na pequena mineração ou garimpo. Ao passo que, não chegam a representar 10% dos trabalhadores com carteira assinada em médias ou grandes minas.

Pioneirismo de Emily Hahn

Foto de Emily Hahn, referencia na luta contra o machismo das mulheres na mineração.
Foto de Emily Hahn, referencia na luta contra o machismo das mulheres na mineração. FONTE: A Gazeta.

Emily Hahn foi a primeira mulher, em 1926, a ingressar profissionalmente, de maneira reconhecida, no setor de mineração. Depois de se formar na faculdade de Engenharia de Minas, provou que seu professor estava errado quando disse: “ a mente feminina é incapaz de lidar com os princípios da mecânica, da alta matemática ou com qualquer fundamento do ensino da mineração”.

Seu pioneirismo com certeza impulsionou e incentivou a luta do feminismo. Essa luta na mineração busca uma equidade de gêneros e melhorias no tratamento da mulher nas empresas do setor.

Mulheres e a conquista de espaços na mineração

Mulheres e a conquista do espaço na mineração. FONTE: Olivre
Mulheres e a conquista do espaço na mineração. FONTE: Olivre.

Primeiramente, o interesse e a busca das meninas e mulheres por faculdades como as de Geologia e Engenharia de Minas cresce continuamente. Além disso, as empresas, atualmente, possuem em suas pautas, a preocupação com a equidade de gênero e a representatividade feminina dentro delas.

Em segundo lugar, as mulheres que estão inseridas nesse setor promovem discussões, debates e palestras sobre a conquista do espaço e visibilidade na mineração, no Brasil e no mundo. Um exemplo é o projeto Women in Mining

Por esses e demais fatores, o número de mulheres no mercado de trabalho da mineração, formalmente, passou de 10.400 para cerca de 21.400 entre 2006 e 2014. Esse número continua aumentando, em cargos que variam de secretárias até diretoras executivas. 

No entanto, a realidade ainda se distancia do ideal.

A representação feminina no setor minerário

O setor de mineração está entre as indústrias com a mais baixa representatividade de mulheres no mercado de trabalho. Com índices de apenas 37% das contratações  de mulheres em mineradoras. Esse dado vai contra a média de 48% para todas as indústrias, de acordo com o relatório da McKinsey Diversidade e Inclusão de Gênero na Mineração em 2018.

Esse cenário piora quando falamos de cargos de liderança. Isso se dá pois, como já foi dito anteriormente, para ascender nessa carreira, a mulher precisa provar sua competência incessantemente, mesmo depois de conquistarem um cargo superior. De acordo com o mesmo relatório de 2018, apenas 22% das mulheres na mineração conseguem avançar para cargos superiores. Ainda, uma pesquisa realizada em 2019, pelo Instituto Ipsos mostrou que, no Brasil, 3 entre 10 pessoas se sentem desconfortáveis em ter uma mulher como chefe.

Em contrapartida, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2019, realizou uma pesquisa que mostrou que a maioria das empresas que promovem diversidade de gênero em cargos de direção dizem ter obtido aumento de até 20% nos lucros.

Portanto, a falta de representatividade feminina e de equidade de gênero na mineração não é uma questão de falta de competência/habilidade ou prejuízo econômico, pelo contrário. Nitidamente, a razão dominante é, simplesmente, o machismo e a hierarquização masculina no mercado de trabalho.

Desafios das mulheres na mineração

Os desafios para as mulheres na mineração já começam antes de estarem inseridas no setor. Isso ocorre pois, nos processos seletivos, é comum que as mulheres precisem ter mais qualificação profissional do que os homens para disputar uma mesma vaga. E depois que conseguem se inserir, ainda enfrentam desafios relacionados a salários, maternidade e machismo.

Salários

É recorrente que as mulheres na mineração, assim como em outras áreas profissionais, ganhem um salário inferior ao dos homens para exercerem uma mesma função. Em 2018, o IBGE apontou que as mulheres ainda ganhavam, em média, 20,5% menos do que os homens.

Maternidade

Apesar das mudanças e debates que estão ocorrendo atualmente e da expansão do feminismo e suas lutas, a divisão sexual do trabalho, que é culturalmente e historicamente patriarcal. Ela se demonstra na responsabilização das mulheres pelos trabalhos domésticos e cotidianos.

A consequência disso são muitas mulheres que, depois do dia de trabalho na mineração, ainda têm que administrar o tempo para cuidar das reponsabilidade domésticas.

Ademais, ainda há empresas que vetam oportunidades às mulheres por conta da maternidade. Utilizando, erroneamente do discurso de que isso irá influenciar de maneira direta no desempenho profissional das mesmas.

Machismo

As questões apontadas acima – de desigualdade nas oportunidades, no salário e nos cargos de liderança  –  podem ser consideradas consequências do machismo. Esse desrespeito a mulher, é capaz de inferiorizar e desvalorizar as mulheres.

Mas as mulheres ainda precisam lidar e realmente lutar por outros desafios. Como reflexo do machismo, lutam contra o assédio moral e sexual recorrentes no ambiente de trabalho. Além de tudo isso, precisam, constantemente, lidar com a deslegitimação da sua autoridade e credibilidade por parte de seus subordinados, quando possui um posto profissional superior. 

Como enfrentar esses desafios?

É preciso que sejam feitas medidas no próprio ambiente corporativo, buscando maior representatividade, diversidade e equidade de gênero. Além de incentivar a atuação feminina dentro da empresa, como, por exemplo, a elaboração de uma comunicação interna que destaque as mulheres que já fazem parte do quadro de funcionários da empresa, transparência em processos de promoção, criação de políticas de desenvolvimento de talentos e de políticas de contratação que sejam de fato gênero inclusivas, e sobretudo promover mais debates e oportunidades, dentro e fora do ambiente institucional.

Algumas empresas utilizam estratégias inclusivas para as mulheres. Podemos citar a Anglo American, em que a inserção das mulheres ultrapassam o percentual de 20%, apenas nos cargos gerenciais. E a Jaguar Mining, que investe na criação de cursos na comunidade, para a formação de mulheres e posterior contratação.

ABMGeo

A Associação Brasileira de Mulheres nas Geociências estimula a participação de mulheres nas geociências e  a associação de estudantes e jovens profissionais,  troca de informações educacionais, profissionais e técnicas, além de promover o crescimento profissional e acadêmico, e de oportunidades para mulheres exercerem habilidades de liderança através das comissões regionais, ou em nível de associação como membras da diretoria da ABMGeo, assim como em comitês de trabalho e conferências.

Women in Mining Brasil

O WIM Brasil é um movimento que tem como objetivo a ampliação e o fortalecimento da participação das mulheres no setor da mineração, com múltiplas organizações nacionais e regionais, além de grupos de atuação em universidades.

O objetivo do Women in Mining é aumentar a participação das mulheres em todos os níveis, principalmente nos cargos de liderança, transformar a indústria mineral em um setor mais inclusivo e diverso, fomentar a contratação de empresas lideradas por mulheres, empoderar as mulheres presentes nas comunidades, entre outros avanços, por meio de planos de ações, debates, e outros.

Autor(a): Millena Menezes Marques.

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