Mineração de Urânio
O urânio é um metal que possui uma cor prateada e características físicas de maleabilidade e ductilidade, porém é menos duro que o aço. Esse mineral também é radioativo e quando exposto ao ar é formada uma camada de óxido na superfície. Além disso, podemos falar que é o átomo com o núcleo mais pesado existente na Terra.
Atualmente, no Brasil, a única mina de extração de urânio é a mina de Caetité, na cidade de Lagoa Real-Bahia. Porém, por meio de pesquisas acredita-se que há urânio em outras regiões brasileiras, como Ceará, Paraná e Minas Gerais.
É utilizado desde bombas atômicas até geração de energia elétrica como combustível em reatores, dentre outras. Ademais, o urânio também pode ser utilizado no mercado agrícola.
De qual mineral retiramos o urânio?
É possível encontrar urânio em muitas regiões da crosta terrestre, sendo o mais comum, explorado atualmente, a uraninita, composta por UO2 e U₃O₈. O maior depósito do mundo de uraninita situa-se nas minas de Leopldville-Congo, na África. No entanto, há outros minerais que contém urânio, porém, são menos explorados, como a euxenita, a carnotita, a branerita, a torbernite, e a coffinita.
Os países com maiores reservas de urânio são:
- Austrália;
- Cazaquistão;
- Rússia;
- África do Sul;
- Canadá;
- Estados Unidos;
- Brasil.
Dessa forma, o Brasil ocupa o 7º lugar no ranking mundial de reservas de urânio, sendo um país com depósitos expressivos.
Depósitos de Urânio
No Brasil, existem cerca de 309 mil toneladas de U₃O₈ concentrada nos Estados da Bahia e Ceará, considerando que o território não foi totalmente prospectado. Além disso, é possível encontrar urânio associado a outros minerais com um potencial aproximado de 150 mil toneladas nos depósitos de Pitinga, Amazonas e Carajás.
Recentemente, devido a novas pesquisas pode-se estimar um potencial de reservas da ordem de 900 mil toneladas de urânio. Sendo isso, resultado do investimento do Brasil em pesquisa mineral para este minério. Com os novos recursos tecnológicos e áreas que ainda podem ser prospectadas e pesquisadas geologicamente, pode-se dizer que temos um grande potencial para novas descobertas e, consequentemente, para exploração e comercialização.
A exploração de urânio pode voltar a ocorrer em 2020, graças a parcerias entre empresas privadas e a INB (Indústrias Nucleares do Brasil). A INB é a empresa estatal que produz combustível para as usinas Angra 1 e Angra 2 e detém todo o poder para explotação de urânio em território brasileiro, visto que o urânio é uma das substâncias do regime de monopólio, onde apenas o Estado tem autorização para explorar.
Processo de beneficiamento do urânio
No processo de extração de urânio, o minério é extraído da rocha e levado para ser britado, transformando-se em partículas menores. Em seguida, elas são depositadas em pilhas e recebem uma solução de H₂SO₄ (ácido sulfúrico) que tem como objetivo separar o urânio da rocha, ou seja, ocorre a lixiviação. A partir disso, ao final do processo obtém-se um líquido amarelo, uma mistura de H₂SO₄ com urânio, conhecido como licor de urânio.
Após esse processo o licor é purificado e tratado com processos químicos e físicos de separação. Esse processo tem como resultado uma pasta amarela, também conhecida como yellowcake, como podemos verificar na figura abaixo.
A mineração de urânio e a matriz energética do país
Com o crescimento da economia brasileira, temos a necessidade de novos investimentos para projetos de geração de energia elétrica. Hoje em dia, no Brasil, cerca de 65% da energia elétrica é originada de hidrelétricas.
Porém com a mudança de algumas legislações ambientais, as hidrelétricas se tornam menos eficientes, já que não podem haver grandes tanques de armazenamento de água para aumento da força de carga, por exemplo. Essas mudanças afetam a eficiência que tínhamos desse meio em prol do meio ambiente, sendo necessário buscar novos meios para abastecer a população.
Dessa forma, a produção de energia nuclear torna-se uma ótima alternativa para reduzir o impacto ambiental da geração de energia.
Atualmente, o Brasil possui duas usinas de energia nuclear em operação, Angra 1 e Angra 2. A usina de Angra 1 possui capacidade para geração de 657 megawatts elétricos, enquanto a de Angra 2, pode gerar 1.350 megawatts. A usina de Angra 3, ainda em processo de construção, também está prevista para gerar 1.350 megawatts.
Para você entender qual o potencial de geração de energia teríamos com nossos depósitos de urânio, seria possível abastecer 32 usinas do tamanho de Angra 3 por toda sua vida útil. Porém ainda esbarramos em alguns problemas socioambientais relacionados à disposição do lixo gerado por essa atividade.
Problemas e riscos da radioatividade do urânio
Para o ser humano
Quando ocorre a fissão do urânio no núcleo do reator nuclear, há a liberação de mais de 60 elementos radioativos. Entre eles, podemos citar o iodo, o estrôncio 90 e o césio, os quais são um dos poluentes mais prejudiciais à saúde humana e também à natureza. Pode ser citado alguns dos problemas causados à saúde humana:
- A alteração patológica do iodo provoca mutações nos genes, o que eleva o risco de câncer;
- Além do iodo, o césio pode ser depositado nos músculos;
- O estrôncio se acumula nos ossos, durante um período mínimo de 30 anos.
Os dois últimos elementos aumentam a possibilidade de incidência de câncer de ossos, de músculos e tumores cerebrais.
A inalação é o meio mais corriqueiro de se contaminar com esses elementos. Sendo assim, para tentar minimizar e evitar a contaminação é importante ingerir pastilhas de iodo, como o recomendado pelos médicos. Caso o contato seja através da pele, é possível evitar problemas de saúde lavando o corpo com água e detergente. Essa lavagem só terá efeito positivo em casos em que a concentração do elemento for baixa. Exemplo de casos em que somente a lavagem não adiantaria é o acidente da usina nuclear de Chernobyl, porque o nível de contaminação foi extremo.
Para o meio ambiente
Como citado anteriormente, o meio ambiente também sofre com as consequências das radiações desencadeadas pela fusão do núcleo. A contaminação nuclear se instala no solo e no mar e passa a fazer parte da cadeia alimentar dos seres vivos devido ao processo de bioacumulação. Consequentemente, essa contaminação atinge plantas, animais e por fim, os seres humanos.
Por esse motivo, é sempre importante seguir as recomendações quando ocorrer um acidente com materiais radioativos. Apesar do urânio ser um material de grande importância para a nossa sociedade hoje em dia, trazendo enormes benefícios, precisamos ficar atentos aos seus perigos.
Na história, há vários casos de anomalias humanas causadas por acidentes de materiais radioativos. Por isso, é imprescindível que haja fiscalizações e o tratamento do urânio seja feita da forma correta para que esse tipo de situação não se repita.
Autora: Gabriella Marinho
Gostou do texto? Confira outros conteúdos em nosso blog e conheça nossos serviços! Entre em contato conosco por meio de nosso telefone (31) 3409-1033 / (31) 97167-5141, e-mail minasjr@minasjr.com.br ou redes sociais facebook e instagram, e veja o que podemos fazer por você!