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Mineração de Lítio no Brasil

Está cada vez mais comum vermos carros elétricos circularem pelas ruas dos grandes centros. Isso é fruto de uma crescente demanda por esse tipo de veículo, que já representou, em 2023, 18% das vendas globais de carros. Esse fenômeno gera a necessidade da ampliação da produção de lítio, o qual é um dos principais elementos utilizados para a produção de baterias, com cerca de 70% do que é extraído sendo destinado para esse fim.

Participação no Mercado Global de veículos elétricos nas vendas de automóveis entre 2010 e 2022.

Assim sendo, o mundo vem aumentando sua produção do elemento e, para manter essa tendência, vem buscando novas fontes do recurso. Nessa corrida, o Brasil vem ganhando um crescente relevância, já ocupando a quinta posição dentre os maiores produtores, atraindo crescentes investimentos estrangeiros.

Produção de lítio, 1995 até 2023. Em toneladas.

DA DESCOBERTA ATÉ AS BATERIAS

A relevância brasileira no setor do lítio já iniciou-se com a própria descoberta do elemento, que teve como um dos principais atuantes José Bonifácio de Andrade e Silva, um importante estadista, poeta e naturalista; mais conhecido por sua grande influência no processo de independência do país.

Em seus estudos, José Bonifácio foi para a Universidade de Coimbra, em Portugal. Lá, conseguiu grande destaque “pelo seu compromisso, responsabilidade científica e social”. Por isso, conseguiu uma bolsa para participar de uma das expedições científicas promovidas na época.

Passou, assim, 10 anos explorando a Europa, na companhia de um português e outro brasileiro.

Durante esse tempo, conheceu e conectou-se com diversas figuras importantes, presenciou a Revolução Francesa, conseguiu a entrada em sociedades científicas e, em meio a todas essas experiências, descobriu quatro minerais novos. Dentre eles, a petalita foi encontrada na Suécia e, alguns anos depois, o químico sueco Johan August Arfwedson isolou, a partir dele, um novo elemento: o lítio.

Somente em 1985, as descobertas – publicadas no início do século XIX – sobre o lítio resultaram, enfim, na primeira bateria de íon-lítio comercialmente viável, invenção que rendeu um Prêmio Nobel de Química à Akira Yoshino. A premiação foi dividida com mais duas outras pessoas, importantes também para o surgimento das baterias de íon-lítio.

Sendo um deles o Michael Stanley Whittingham que, em meio a uma crise na oferta de petróleo – causada por um embargo na venda do commodity a diversos países, incluindo os EUA, onde trabalhava Whittingham -, buscava métodos para encontrar tecnologias que não precisassem de combustíveis fósseis. Por conseguinte, criou uma bateria baseada em lítio metálico e dissulfeto de titânio. Porém, a combinação ainda era muito perigosa para ser viável.

O outro ganhador laureado foi John Goodenough. Ele conseguiu, ao mudar o cátodo para um óxido de cobalto (intercalando-o com íons de lítio) praticamente dobrava a voltagem da bateria. A mudança “final” veio com a já citada Akira Yoshino, que intercalou íons de lítio com coque de petróleo. Assim, nasceram as primeiras baterias de íon-lítio.

 

A MINERAÇÃO DE LÍTIO NO BRASIL

As reservas nacionais estão concentradas no Vale do Jequitinhonha, contando com cerca de 85% dos depósitos conhecidos do país. Isso pode trazer muitos recursos estrangeiros para a região, que, tradicionalmente, é relativamente pobre (e seca). Na tentativa de extrair o máximo dessa possibilidade, o Governo de Minas lançou o projeto Lithium Valley Brazil, na bolsa estadunidense Nasdaq.

O projeto busca atrair diversos atores da cadeia produtiva do lítio para uma mesma região, onde será possível extrair, beneficiar e fabricar os produtos que vão abastecer mercados em todo o mundo. Isso trará diversas empresas e empregos de qualidade para a região, transformando a realidade local”

– Fernando Passalio, como Secretário do Estado, 2023

 

Companhia Brasileira de Lítio

Pioneira na exploração do elemento no Brasil, começou a atuar em 1991 e, entre 2020 e 2022, viu seu lucro líquido crescer mais de 11 vezes. A empresa, diferentemente das outras atuantes na região, faz parte do beneficiamento do espodumênio (mineral fonte de lítio). Atuando também no “Vale do Lítio Brasileiro”, a extração da empresa é feita na Mina da Cachoeira, com capacidade para 45 mil toneladas por ano de concentrado de espodumênio. Agora, em 2024, a empresa anunciou

estar estudando a possibilidade de investimento de US$70 milhões para dobrar a produção de sua mina.

Mina da Cachoeira

 

A AMG Critical Materials é uma empresa internacional com o foco na produção de baterias para o mercado europeu. Para isso, possui algumas empresas subsidiárias, atuando como uma empresa verticalizada, isto é, atuando em várias etapas da cadeia de produção do seu produto final. Sendo uma dessas companhias a AMG Brasil, que responsabiliza-se pela extração e início do beneficiamento do lítio para ser enviado para a Alemanha, onde a modificação do minério é continuada.

A empresa vem investindo consideravelmente nas suas atividades em Minas Gerais. Recentemente, ampliou sua capacidade de processamento de espodumênio em 45%, com um investimento de US$55 milhões. Além disso, a AMG ainda planeja um investimento de R$1,4 bilhão para triplicar sua produção. Fica claro que as operações da companhia e suas subsidiárias estão em grande expansão, trazendo importantes investimentos, especialmente para Minas Gerais.

 

 

A Sigma Lithium é a principal mineradora de lítio no Brasil, com suas atividades concentradas na Grota do Cirilo, que possui produção anual de 270.000 toneladas. Sendo o objetivo final chegar em 766.000 toneladas. Além disso, a empresa possui a vantagem de produzir o “lítio verde”, especialmente o “lítio quíntuplo-zero” (sem emissões de carbono; sem resíduos nocivos; sem uso de água potável; sem uso de energia não renovável).

Em 2024, a empresa anunciou o investimento de US$100 milhões para aumentar sua atual produção anual para 520.000 toneladas em 2025. Mostrando, portanto, a crescente relevância da Sigma Lithium para o cenário do lítio brasileiro. Motivo pelo qual, também esse ano, começaram especulações sobre sua venda para empresas como a BYD (apesar das negociações não terem seguido em diante devido aos preços atuais do lítio/avaliações atuais da empresa).

Planta Greentech

Além desses exemplos de principais produtoras do elemento, existem, ainda, vários projetos em vias de estudo/construção. Por exemplo, aqueles feitos pela: Latin Resources (Belo Lithium); Lithium Ionic; Atlas Lithium; entre outras. Tais projetos trazem uma promissora perspectiva para o cenário do lítio no Brasil, com expectativas de manter o grande crescimento na produção nacional que foi visto no gráfico mostrado acima.

Autor: Níkolas Santos

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