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Mercúrio: utilização e impactos ambientais

Mercúrio líquido. Foto: Bionerd (CC BY 3.0)

Ao falar sobre o mercúrio, pensamos em um material altamente perigoso para saúde humana e que causa muitos impactos ambientais. No entanto, no nosso cotidiano, podemos encontrar o mercúrio em diversos lugares. Dentre eles estão a lâmpadas fluorescente, os termômetros, as obturações de dentes e até espelhos.

Esse material que está presente no nosso dia a dia também é utilizado na mineração. Um processo muito conhecido que utiliza o mercúrio é amalgamação, o qual começou em 372 a.C., quando Teofrasto o descreveu.

O que é o mercúrio?

O mercúrio é o único metal líquido encontrado na natureza. Ele é considerado um dos minerais mais tóxicos do mundo! E, por isso, ele é mais conhecido por ser um metal perigoso e letal à saúde humana. Também possui grande capacidade de se ligar a outros metais, como ouro e prata. O principal mineral-minério do mercúrio é o Cinábrio (HgS). E a maior reserva desse mineral se encontra na Espanha. Enquanto que, no Brasil, ele é muito utilizado nos garimpos de ouro.

Cinábrio. Foto: JJ Harrison (CC BY-SA 3.0)

Por que ele é utilizado na mineração?

O uso dessa substância na mineração tem como intuito facilitar os processos de separação na explotação de metais como ouro, prata e cobre. Para isso, a utilização de forma segura desse metal é feita através da destilação da amálgama. A amálgama é uma liga metálica em que o principal componente é o mercúrio. Esse, quando aglutinado ao ouro, auxilia na obtenção de ouro puro. O processo de amalgamação já era conhecido por Fenícios e Cartagineses há 2.700 A.C.

No Brasil, entretanto, existem garimpos de ouro que, muitas vezes, não utilizam a destilação da amálgama. No lugar, é utilizado um maçarico para liquefazer e evaporar o mercúrio do ouro. Dessa forma, o gás que é liberado no processo vai para atmosfera e causa impactos ambientais.

A maior parte da utilização do mercúrio ocorre no Mato Grosso e Pará. Há também atividades garimpeiras distribuídas pelo Amapá, Rondônia, Amazonas, Tocantins e Bahia. Estima-se que existam entre 80 mil a 800 mil garimpeiros que atuam de forma legal e ilegal nessas regiões. Para saber mais sobre a atividade garimpeira, leia Garimpo, uma atividade ilegal?

Uso de mercúrio na extração de our0. Foto: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press (www.diariodepernambuco.com.br)

Quais os impactos ambientais causados?

Os impactos ambientais causados pela utilização desse metal, principalmente em garimpos de ouro, ocorrem sobretudo por dois fatores. São eles a evaporação do gás tóxico para atmosfera e o despejo de resíduos do metal nos rios. Isso não apenas causa impacto no meio ambiente, como também prejudica os garimpeiros, que inalam o gás. Além da vida marinha, causando também problemas a população que ingere os peixes infectados quando o descarte ocorre em regiões pesqueiras.

Através de uma pesquisa feita pela Convenção de Minamata sobre Mercúrio (GTP-Minamata), estimou-se que a emissão de mercúrio na atmosfera por mineração artesanal e de pequena Escala de Ouro (MAPEO) no Brasil no ano de 2016 variou entre 11 e 161 toneladas, considerando a produção legal e ilegal de ouro, sobretudo na Amazônia Legal. Esse valor é muito alto e, devido aos danos que pode causar, a ONU tenta reduzir o uso do metal em garimpos.

A extração do metal

Além de ser encontrado no Cinábrio, o mercúrio também pode estar associado a hidrocarbonetos, como o petróleo, o carvão mineral e os betumes. Um método comum para separar o metal de interesse do cinábrio é esmagar o minério e depois aquecê-lo em um forno para vaporizar. Entretanto, ele também pode ser obtido pela ustulação do cinábrio, quando se oxida o enxofre contido no mineral, liberando o metal, que é conduzido por condensadores refrigerados a água.

Mercúrio nativo com Cinábrio. Foto: Rob Lavinsky (CC BY-SA 3.0)

Projeto para redução de mercúrio (ONU)

Há muitos anos tentam encontrar maneiras para reduzir o uso do mercúrio nos garimpos de ouro. Porém, ele é um material de fácil acesso e de baixo custo. E, por isso, a redução do seu uso é um grande desafio.

No início deste ano, a ONU levou a público um projeto que visa proteger os trabalhadores da mineração artesanal e de pequena escala de ouro (MAPEO) em oito países. Esse projeto financiará profissionais do setor para que possam formalizar a sua atividade, melhorar os equipamentos e métodos de produção para que eles não recorram ao mercúrio. Em 2017 eles já haviam restringido o uso mercúrio, através da Convenção de Minamata, como dito anteriormente.

Segundo site da ONU, cerca de 15 milhões de pessoas têm sua saúde em risco, incluindo 600 mil crianças. Além disso, todos os anos, mais de 2.700 toneladas de ouro são extraídas em todo mundo. Dessa quantidade, mais de 500 toneladas por ano são extraídas em mineração artesanais e de pequena escala.

Autora: Ingrid Reis

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