A História da mineração

A mineração pode ser definida como processos, atividades e indústrias cujo objetivo é a extração de substâncias minerais a partir da exploração de depósitos. Na atualidade, é notável a necessidade dos minerais para o funcionamento do cotidiano de toda população mundial.  Ao pensar na maior parte dos objetos utilizados no nosso dia a dia, podemos perceber que a maioria desses é produzida com o uso de minerais, o que evidência sua extrema importância nos últimos séculos. Assim, essa afirmativa traz então a discussão de como se iniciou a busca por minerais para produção de objetos que facilitariam a vida das pessoas, e que, consequentemente, nos levaria a explorar a história da mineração.

A História da Mineração

Desde os tempos da pré-história, os humanos utilizavam de sílex e cherte para a fabricação de armas, que eram exploradas em galerias, depois criaram-se poços e por fim, iniciaram-se as explorações subterrâneas, juntamente com a exploração de novos minerais, como hematita e cobre. Então, alguns mil anos depois, mais precisamente, a partir de 2600 a.C, o bronze começou a ser produzido, e em países como a China o carvão estava sendo explorado e utilizado como combustível. Com essas fases podem-se estabelecer os estágios evolutivos ao longo da história, que correspondem a Idade da Pedra, Idade do Cobre, Idade do Bronze, Idade do Ferro, Idade Nuclear e Idade dos Materiais Avançados.

Evidenciando a grande relação entre a mineração e o desenvolvimento da civilização, mesmo com o avanço rápido dos materiais feitos  de minerais e o aumento da dependência desses, a exploração mineral ainda era lenta, avançando as escavações por volta de 1,5 metros por mês. Para aprimorar e aperfeiçoar a busca por minerais, em 1533, carris para a movimentação de minérios foram criados.  A utilização de explosivos tem seu marco em 1627, quando foram utilizados pela primeira vez em uma mina. Já em 1768, as bombas movidas a vapor foram utilizadas para a retirada de água das minas de estanho. Além dessas novas estratégias,ao longo dos anos, muitas outras tecnologias foram inventadas para aumentar a porcentagem de aproveitamento das minas.

História da Mineração no Brasil – A corrida do ouro

Devido ao declínio da economia portuguesa na primeira metade do século XVII, a coroa portuguesa promoveu a realização de estudos, pelos bandeirantes, através das expedições realizadas no interior do país para descobrir jazidas de pedras preciosas. Nesses estudos,  eles percorreram todo o nosso território em busca de metais valiosos (ouro, prata, cobre) e pedras preciosas (diamantes, esmeraldas).  E assim, no início do século XVIII foram encontradas as primeiras jazidas de ouro em território brasileiro, especificamente, nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. A descoberta dessas jazidas atraiu muitas pessoas para esses estados, o que acarretou um crescimento das zonas interiores do país, o que antes não acontecia.

Para a exploração de ouro de maneira individual eram utilizadas duas formas principais: a faisqueira e o processo de aluvião. A faisqueira, nome dado devido ao brilho intenso do ouro refletido nas margens do manancial, consistia na retirada do minério nas margens dos rios. Já o processo de aluvião, o garimpeiro utilizava-se de uma espécie de bacia, denominada bateia, para filtrar as pepitas de ouro. Quando se tratava de lavras de ouro em grande escala, vários instrumentos do garimpo eram utilizados. Nesse caso, o ouro era extraído na base de montanhas e as construções e escavações eram feitas pela mão de obra escrava.

Curiosidades do Ciclo do Ouro

Existem várias curiosidades sobre esse período da historia brasileira:

• Com a chegada da mineração no Brasil, a língua mais falada do país começou a ser o português, ultrapassando o tupi. A nova   atividade econômica atraiu vários portugueses em busca de riquezas;
• A capital brasileira passou de Salvador para o Rio de Janeiro, para ficar próxima das minas, porém sem sair do litoral.
• O primeiro imposto do Brasil surgiu nessa época, o famoso quinto, que estabelecia que 20% de cada jazida deveriam ser concedidas a Coroa portuguesa;
• Alguns ditados populares foram criados nesse cenário, como a expressão Santo do Pau Oco, para designar pessoas dissimuladas. Isso porque, santos de madeira oca eram preenchidos com ouro para não serem taxados. Assim, o minério passava despercebidos pela coroa e não era necessário o pagamento de impostos;
• O ouro levado por Portugal gerou muito lucro para a Inglaterra,  o que influenciou para que ocorresse o processo da Revolução Industrial.

E o que mudou com a mineração?

A mineração proporcionou uma série de modificações no Brasil, como um novo polo econômico que cresceu no Sudeste, as relações comerciais se desenvolveram e a população começou a viver cada vez mais nas cidades. Esse movimento urbano contribuiu para diversificação da economia e o surgimento de novos grupos sociais como comerciantes, artesãos, advogados, médicos, entre outros.

O panorama da mineração no Brasil mudou a partir do século XX, principalmente entre as décadas de 1930 e 1980. Naquela época, por meio de uma política governamental baseada principalmente em subsídios, ou seja, incentivos financeiros diretos do governo ao setor, começou a se profissionalizar. Esse fato serviu para criar a base de uma economia industrial que dependia dos recursos minerais para se manter.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em 1950 a contribuição da mineração para a produção total e PIB do país era de 0,4%, passando em 1980 para cerca de 1,0%. Atualmente, a mineração é responsável por cerca de 4% do PIB do país.  Além disso, é considerada a base para todas as indústrias e fonte de geração de riqueza para o Brasil, possuindo um valor imensurável para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico.

E a história continua…

A história da mineração nos permite visualizar o longo processo que nos trouxe para a mineração atual. Com a industrialização do setor mineral, o extrativismo predatório dos tempos coloniais dá lugar para uma atividade empresarial preocupada em movimentar a economia do país de forma responsável e minimizando impactos ambientais e sociais. Portanto, sabe-se que o processo é contínuo e a busca pelas melhores formas de minerar está sendo construída a cada dia.

Autor: Antônio Gonzaga

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