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Estrada de Ferro Vitória a Minas

Trem da Vale com minério de ferro na EFVM e BR-381 em Timóteo MG
 

O governo federal fez um anúncio em julho que gerou polêmica e ações judiciais: a renovação antecipada da concessão de algumas ferrovias. Dessa forma, o debate gira em torno das ferrovias operadas pela Vale e de onde deve ser investido o dinheiro gerado pela mineração e estradas de ferro.
Entretanto, o governo federal deseja a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, entre o Mato Grosso e Goiás. Enquanto os governos estaduais do Pará e Espírito Santo desejam que os investimentos da mineradora sejam em seus territórios.
Portanto, para ter uma opinião é importante conhecer essas ferrovias e seus impactos. Sendo assim, nesse texto você irá conhecer a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Ela cruza os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

A história da Estrada de Ferro

Inicialmente, a atual Estrada de Ferro Vitória a Minas surgiu em 1904 como Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas (CEFVM). Nesse ano, os 30 primeiros quilômetros foram inaugurados.
Ela havia sido organizada por empresários brasileiros para escoar a produção agrícola do vale do rio Doce. O seu traçado original conectaria a cidade de Diamantina (MG) à capital capixaba, Vitória.

O surgimento da Brazilian Hematite Syndicate

Sendo assim, em 1909, a companhia teve ações adquiridas por um grupo de ingleses. Foi denominado Brazilian Hematite Syndicate, cujo interesse era minerar ferro. Dessa forma, foi esse grupo o responsável pela alteração da rota original da ferrovia. A qual agora iria para Itabira (onde os trilhos chegaram apenas em 1943), não mais Diamantina. Dessa forma, em Itabira seria embarcado o minério produzido pelos ingleses para exportação. Como compensação, o governo determinou que deveria ser erguida uma usina siderúrgica em Minas Gerais.
Vale lembrar que, naquela época, o parque siderúrgico do país era muito restrito e nem mesmo a Companhia Siderúrgica Nacional existia.

A CRVD

Resistências nacionalistas, além de condições internacionais que dificultavam o financiamento, levaram grandes dificuldades ao grupo. Portanto, a siderúrgica nunca saiu do papel. Já a ferrovia, junto à atividade mineradora, foi transferida para a estatal Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) na sua criação, em 1942. Nesse momento, a EFVM se tornou propriedade do Estado.
Quando a CVRD assumiu a ferrovia, ela chegava a apresentar 100 descarrilamentos mensais devido ao estado de conservação. No controle federal, ela foi restaurada e ampliada, chegando até Itabira (1943), Belo Horizonte (1992) e outras localidades. Com isso, completou os 905 km atuais, tendo sido duplicada na década de 1970.
A estrada de ferro foi concedida em 1997 à recém privatizada CVRD pelo período de 30 anos. Atualmente, a ferrovia é uma das mais produtivas do mundo. Ela transporta, aproximadamente, 40% do volume de carga ferroviária do Brasil.

Trecho da EFVM sendo construído em Coronel Fabriciano, em 1924.
Trecho da EFVM sendo construído em Coronel Fabriciano, em 1924.

A EFVM e a mineração

Primeiramente, o grupo Brazilian Hematite Syndicate era detentor de grande parte das terras onde se encontrava o minério de ferro de Itabira. Naquele momento era considerada uma das maiores jazidas de ferro do planeta. O grupo também chegou a possuir mais de 70% do capital da CEFVM. Em seguida, houve pretensão de deter exclusividade sobre a linha para exportar minério. Porém, a resistência nacional impediu a conclusão desse plano.

A influência da EFVM

O que garantiu que houvesse transporte de produtos agrícolas, passageiros e minérios de outras empresas.
Desse modo, a mineração teve grande influência na determinação do traçado da EFVM, desde as alterações propostas pelos ingleses até diversos ramais construídos pela CVRD.
Sob o controle da Vale, essa via escoa a maior parte do minério extraído no leste do Quadrilátero Ferrífero. Isto viabiliza diversas lavras, muito além das de Itabira. Assim, o minério de ferro é o principal produto escoado por ela, com 116,228 milhões de toneladas transportadas em 2016. Entretanto, diversos outros produtos e empreendimentos se utilizam dessa infraestrutura.

Alguns empreendimentos associados à Estrada de Ferro Vitória a Minas

A Estrada de Ferro Vitória a Minas é a conexão do Porto de Tubarão, do Portocel e de terminais em Vila Velha com o interior do Brasil. Ela permite o escoamento de grãos captados por terminais ferroviários da empresa VLI no triângulo e noroeste de Minas Gerais. As linhas da VLI se conectam à Vitória a Minas nos arredores de Belo Horizonte.

A importância da EFVM

A EFVM também permite a importação de fertilizantes e viabiliza várias das siderúrgicas mineiras, importando carvão mineral e exportando aço. Ela também permitiu a instalação da fábrica de celulose Cenibra em Minas Gerais. A celulose é exportada pelo Portocel. A companhia Siderúrgica de Tubarão, no Espírito Santo, também é viabilizada pela Vitória a Minas, sendo abastecida de minério de ferro através dela.
Em 2016, a ferrovia transportou 4,545 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos. Além de, 3,878 milhões de toneladas de carvão mineral. De 1,132 milhão de toneladas de celulose. Também 844 mil toneladas de madeira. E  768 mil toneladas de ferro gusa e também de 585 mil toneladas de cloreto de potássio (fertilizante), entre outras mercadorias.

Mapa da estrada de ferro que liga Minas Gerais ao Espírito Santo
Mapa: Bunks

Impactos negativos da linha férrea

Impactos negativos associados a ferrovias por vezes são listados como acidentes na linha, impactos no tráfego e poluição sonora.
Podem se somar a esses, especificamente no caso da EFVM, desmatamento na mata atlântica para a produção de dormentes. Além de explorar para consumo como lenha nas primeiras locomotivas, que eram a vapor.

Autor: Francisco Militão

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