Poucas formações rochosas existentes no planeta são tão interessantes quanto as formações ferríferas bandadas do Pré-Cambriano, comumente conhecidas como BIFs (do inglês banded iron formations). Além de possuir um marcante aspecto, com uma cor avermelhada por vezes muito viva. São rochas muito antigas, a maioria com idades entre os 2700 e os 1800 milhões de anos (Ma). Sendo assim, diversos questionamentos a respeito da origem e do período de formação dessas rochas têm sido levantados entre cientistas. Contudo, não tem sido fácil chegar a um consenso na resposta a essas perguntas, que poderá estar relacionada a grandes eventos da história da Vida no nosso planeta.
O QUE PODE SER CONSIDERADO BIFs ?
O termo formação de ferro é restrito a unidades estratigráficas compostas por rochas laminadas ou em camadas. Estas contêm 15% ou mais de ferro, nos quais os minerais de ferro são comumente intercalados com quartzo, chert ou carbonato.
QUAL A ORIGEM DESSAS FORMAÇÕES?
Alternativamente, ou em adição, ambos o ferro e a sílica podem ter sido derivados de magmatismo submarino e atividade hidrotermal. O ferro na água do mar, combinado com o oxigênio liberado durante a fotossíntese realizada por Cianobactérias ou pela oxidação metabólica do ferro por micro-organismos microaerófilos, precipitaram óxido de ferro, que afundou no assoalho oceânico formando uma camada rica em ferro . Quando a formação de óxido de ferro foi impedida devido a redução da quantidade de oxigênio na água do mar, uma camada de sílica e/ou carbonato foi depositada. Com isso, as repetições deste ciclo resultaram em deposições de camadas ricas em ferro e sílica ou carbonatos. Variações na quantidade de ferro na água do mar, devido a mudanças na atividade vulcânica por exemplo, podem também ter levado à ritmicidade das camadas.
A deposição das BIF’s ocorreu desde o Paleoarqueano até o Neoproterozóico . O Paleoproterozóico foi o período de maior deposição dessas formações. Sendo constituído por aproximadamente 90% de todas as ocorrências de deposição no mundo, principalmente o Quadrilátero Ferrífero no Brasil. Estes intervalos de deposição conduzem inúmeras associações evolutivas relacionadas à emergência do oxigênio na terra e à formação de massas continentais arqueanas.
QUAIS OS TIPOS DE FORMAÇÕES FERRÍFERAS EXISTENTES?
De acordo com o ambiente deposicional, podem ser classificadas como dos tipos Algoma, Superior e Rapitan. A formação do tipo Algoma ocorreu no início da história da Terra (mais de 2,5 Ga) devido ao grande fluxo de calor no manto e ao tamanho limitado dos mares epicontinentais. Posteriormente, houve depósitos do tipo Lago Superior (entre 2,5 e 1,8 Ga) que está associado ao grande evento de oxidação e, por fim, o tipo Rapitan que está associado a distribuição de sedimentos glaciogênicos do Neoproterozóico e a glaciação global desse período (Snowball Earth).
AS BIF’S NO BRASIL
No Brasil, as formações são divididas em duas áreas principais . A primeira região é denominada Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, localizada na borda sul do Cráton São Francisco, de idade Brasiliana . As formações ferríferas bandadas com teor de minério de ferro explorável da região encontram-se hospedadas na Formação Cauê e são denominadas como Itabiritos. A segunda região , a Serra dos Carajás, localizada no Pará, é resultante de deformação e metamorfismo regional associados à zonas de cisalhamento regionais que marcaram a estabilização da área e a possível extração de ferro na rocha Jaspilito. A Formação Cauê é uma sequência composta por BIF do tipo Lago Superior metamorfizadas de baixo a médio grau (Itabiritos). Já a BIF da Serra dos Carajás distingue-se dos tipos Algoma e Lago Superior em decorrência de seu caráter vulcanogênico e ao mesmo tempo de natureza oxidada dos minerais de ferro .
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