Água Subterrânea: solução para o Brasil do amanhã
Representando aproximadamente 50% da água potável do planeta, as águas subterrâneas (aquífero) são essenciais para a manutenção da vida, pois são capazes de acumular grandes volumes e responsáveis por abastecer muitos dos grandes rios da Terra. A princípio, a necessidade do acesso a essa água levava a população ao uso de técnicas rudimentares para a construção de poços. Entretanto, ao longo da história, o aperfeiçoamento do conhecimento das águas subterrâneas levou à definição de uma importante área da geologia: a hidrogeologia.
O papel do Hidrogeólogo na preservação das águas
O Brasil possui a maior reserva de água subterrânea do mundo, distribuída principalmente nas regiões leste, central e norte do país. A colocação do Brasil em uma posição de destaque nesse aspecto torna o país um grande responsável pela preservação dessas reservas, uma vez que a crise hídrica pode alcançar níveis alarmantes em pouco tempo. Dessa forma, a atuação do hidrogeólogo mostra-se cada vez mais necessária e fundamental para o uso, preservação e gerenciamento desse recurso, cujo órgão público encarregado é a Agência Nacional das Águas (ANA).
A Agência Nacional das Águas (ANA)
A ANA se encarrega de desenvolver e financiar publicações, apoiar a gestão estadual e promover cursos de capacitação. Essas ações buscam dotar os órgãos gestores de recursos hídricos estaduais de conhecimento hidrogeológico, técnico-gerencial e de capacitação específica em águas subterrâneas, de forma que possam desempenhar adequadamente a gestão sistêmica e integrada dos recursos hídricos.
Principais Aquíferos Nacionais
Os principais aquíferos do território brasileiro são o Aquífero Guarani, Aquífero Urucuia e Aquífero do Amazonas.
Aquífero Guarani
Conforme Rocha (1997), o Aquífero Guarani é abrigado pelo Cone Sul, na Bacia Sedimentar do Paraná, e representa um enorme manancial de recursos hídricos e subterrâneos, com espaço ocupado equivalente à junção da área dos territórios da Inglaterra, França e Espanha. O Aquífero Guarani abrange três países: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No território brasileiro, ocupa os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O sistema é classificado como granular, com unidades essencialmente arenosas. Mostra-se livre em algumas regiões, mas predominam as ocorrências confinadas, em regiões com coberturas basálticas.
Aquífero Urucuia
A maior porção do Aquífero Urucuia se situa na margem esquerda do médio curso do Rio São Francisco e oeste do estado da Bahia. O sistema é formado por rochas sedimentares cretáceas que pertencem à Bacia Sanfranciscana, sendo que as unidades litológicas predominantes são os arenitos quartzosos, argilitos e níveis conglomeráticos. É não confinado e apresenta drenagem retardada. Conforme estudos realizados pela Agência Nacional das Águas, o Sistema Aquífero Urucuia constitui um dos mais importantes mananciais subterrâneos de extensão regional do Brasil, sendo responsável por parte considerável do fornecimento de água para a economia regional e contribuindo amplamente para o abastecimento do Rio São Francisco e para alguns afluentes do Rio Tocantins.
Aquífero Amazonas no Brasil
O Sistema Aquífero Amazonas no Brasil ocupa grande parte da Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas, nos estados do Amapá, Pará, Amazonas e Roraima. Abrange as bacias sedimentares do Amazonas e do Marajó. Além dessas, o sistema inclui também unidades da Bacia do Solimões e Bacia do Acre, com boa circulação hidráulica. Predominam formações arenosas, principalmente das bacias do Amazonas e do Marajó.
A relevância e a potencialidade das águas subterrâneas brasileiras levam ao questionamento se elas têm sido suficientemente aproveitadas. Sob o aspecto legislativo, cada Estado apresenta a sua legislação, e seu papel não é de possuidor, mas sim de gestor e organizador desse recurso. Entretanto, há falta considerável de profissionais qualificados na construção adequada dos poços, limitando o acesso por parte da população.
Texto: Marina Morena
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