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A Infraestrutura e os Sistemas Atmosféricos que Inundam e Deslizam BH

Enchente em BH. Fonte: O Tempo.

Em regiões tropicais são recorrentes grandes eventos pluviométricos, que causam transtornos no meio urbano de várias regiões. Em Belo Horizonte, os efeitos das fortes chuvas são agravados pela forma em que a cidade foi arquitetada juntamente à atuação de sistemas atmosféricos instáveis. Além disso, o crescimento indiscriminado da metrópole soma-se a esses fatores. A Infraestrutura e chuvas fortes de BH, aliado a impermeabilização do solo nos levam aos eventos trágicos como as inundações e deslizamentos.

No texto veremos quais são esses fatores da infraestrutura da cidade, e como eles influenciam nas inundações, assim como em outros desastres associados, como os deslizamentos, no município de Belo  Horizonte. Além disso, apresentaremos alguns conceitos relacionados a esses processos.

Períodos de chuvas intensas

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), os meses entre novembro e fevereiro são aqueles em que anualmente registram um balanço hídrico excedente em Belo Horizonte. Consequentemente, é o período de maior transtornos relacionados às chuvas intensas. Nessa estação, os riscos de tragédias para a população aumentam, principalmente, para as famílias que ocupam de forma irregular, em regiões de risco geológico, ou até mesmo, em casas sem estrutura adequada.

Charge Duke. Fonte: O Tempo

Impermeabilização do solo

O processo de impermeabilização do solo é bastante comum. Geralmente ocorre acompanhando o crescimento urbano das cidades. Ele consiste na perda ou retirada da capacidade do solo de absorver água. É o que acontece quando substituímos terra e vegetação por cimento e outras coberturas utilizadas no processo de urbanização.

Impermeabilização do solo e suas implicações. Fonte: BHrecicla

Apesar da necessidade de construção de vias para asfaltamento, calçamento de ruas, entre outros, o excesso da ação faz com que a água não tenha para onde ir. Para isso, amenizar os efeitos desse processo, foram feitos os sistemas de bueiros. No entanto, nas épocas chuvosas, apenas esse mecanismo não é suficiente, ocasionando as enchentes. A destinação inadequada do lixo jogado nas ruas, contribui, em parte, para a ineficiência dessa estrutura em épocas de chuvas intensas. Em suma, temos um problema de estruturação da cidade. Para minimizar esses efeitos, estudos mais detalhados sobre o solo, deveriam ter sido realizados durante a construção de Belo Horizonte.

Sistemas Atmosféricos 

Para o estudo do tempo e descrição do sistema meteorológico, usamos a meteorologia sinótica, que está relacionada ao estudo de processos atmosféricos e com a previsão do tempo, baseada em resultados de estudos sinóticos, descrevendo assim, o sistema atmosférico como um todo.

Segundo pesquisadores especialistas da UFMG, durante as fortes chuvas entre 2011 e 2013 foram controladas, principalmente, pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Durante o ZCAS são registrados chuvas fortes e duradouras, o que corrobora para os muitos prejuízos aos locais com pouca infraestrutura, nesse período há mais incidência de inundações e deslizamentos com vítimas fatais.

Atuação da ZCAS no Estado de Minas Gerais em 15 de dezembro de 2013. Fonte: periodicos.ufmg.

Deslizamentos

Os Deslizamentos são os processos de movimento  de massa que  envolvem  materiais que recobrem solos, rochas e cobertura vegetal devido a ação direta da gravidade. A topologia de determinadas regiões em Belo Horizonte somado ao acúmulo de água das chuvas potencializa  esses eventos.

Segundo o geólogo Walter Duarte Costa, há fatores que influenciam a instabilidade das encostas, e consequentemente o seu deslizamento. Os principais fatores são são a espessura do solo, os cortes realizados para construção das casas, e até mesmo,  a própria vegetação. Além disso, o risco geológico aumenta quando o solo está muito encharcado, ou seja, cheio de água.

Ocupação Irregular

Uma outra questão que intensifica os desastres causados pelas chuvas em Belo Horizonte é a ocupação irregular ou desordenada do espaço geográfico. Isso ocorre devido ao fato de que algumas áreas correspondem ao leito maior de um rio que, esporadicamente, inunda. Assim, com a ausência de planejamento adequado, esses locais ficam sujeitos à ocorrência de inundações. Ainda assim, existe outro fator que intensifica, ocorrendo juntamente com a ocupação inadequada, que é a retirada da vegetação daquela região de entorno do rio. Dessa forma, podemos dizer que a ausência dessas áreas verdes, que eram capazes de reter parte dos sedimentos, não estão mais presentes, ocasionando assim,  o aumento do nível da água dos rios.

Ocupação Irregular. Fonte: Hoje em Dia.

Em suma, as enchentes consistem na elevação do nível d’água no canal de drenagem em  função do aumento da vazão, atingindo a cota máxima sem ocorrer extravasamento. Enquanto a inundação é o  transbordamento das águas, fazendo com que atinja as planícies de  inundação ou  várzeas.  Já os  alagamentos  são caracterizados como acúmulo ou represamento momentâneo de águas em determinados locais da área urbana, oriundas da ineficiência no sistema de drenagem da cidade.

Panorama atual de Belo Horizonte

Então, nesse cenário de fatores que influenciam os infelizes acontecimentos em Belo Horizonte, sabemos da importância de soluções pertinentes serem tomadas. Desastres envolvendo as chuvas fortes em BH já é uma situação recorrente na cidade. Dessa forma, obras de infraestrutura estão sendo realizadas pela Prefeitura , mas no entanto, há muito a se fazer ainda.

Para conhecimento, temos em BH um Plano Diretor  instituído pela Lei nº 11.181, de 2019, que constitui instrumento básico da política urbana do município e institui as principais diretrizes para o desenvolvimento urbano. Além disso, é voltado para a elaboração de projetos de parcelamento do solo e de edificações em BH, de forma que incorpora as regras relativas a tais temas que, anteriormente, estavam incluídas na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo.

E aí, como podemos contribuir ?

A situação como um todo envolve diversos outros fatores sociais e econômicos. A falta de opção, por partes da população, em residir em áreas perigosas, assim como a necessidade de maior fiscalização das áreas por profissionais qualificados, e retirada das pessoas dessas áreas.  Ações como construção de barragens, desassoreamento do leito dos rios não são suficientes mas amenizam a situação. Portanto, medidas de prevenção devem ser realizadas, como a execução de um planejamento da cidade, mesmo que tardio, construção de sistemas de drenagem eficientes, assim como a diminuição da geração de lixo e destinação inadequada.

A solução para o problema envolve várias instâncias, e depende de um trabalho conjunto, em que nós, população, também temos o nosso papel. E aí, o que você acha que pode fazer para contribuir na solução desse problema? Conta pra gente!

Autora: Júlia Ribeiro

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