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A importância da Estrada de Ferro Carajás na mineração

 

O governo federal fez um anúncio na primeira semana de julho que gerou discussão e ações judiciais. Foi o anúncio da renovação antecipada da concessão da estrada de ferro operada pela Vale.

Dessa forma, os governos do Pará, Espírito Santo e federal estão discutindo então onde deve ser investido o dinheiro gerado pela mineração e pelas estradas de ferro.
O governo federal deseja a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, entre o Mato Grosso e Goiás. Contudo, os governos estaduais do Pará e Espírito Santo desejam que os investimentos da mineradora sejam em seus territórios.
Para ter uma opinião é importante conhecer essas ferrovias e seus impactos. Sendo assim, nesse texto você irá conhecer a Estrada de Ferro Carajás (EFC), que cruza o Pará e o Maranhão. Porém, a polêmica envolve duas estradas de ferro. Clique aqui para conhecer a segunda, a Estrada de Ferro Vitória a Minas.

A história da Estrada de Ferro

Em 1967 as jazidas da Serra dos Carajás, no sudeste do Pará, foram descobertas. Isto foi possível devido a pesquisa patrocinada pela companhia US Steel. Desse modo, para isso, a empresa utilizou da sua subsidiária no Brasil, a Companhia Meridional de Mineração. Devido a embates políticos e diferenças de interesses, as jazidas terminaram por serem totalmente transferidas para a então estatal brasileira, Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em 1977.

As Jazidas

Inicialmente, as jazidas abrigavam a maior reserva mundial de minério de ferro de alto teor do planeta. Além de milhões de toneladas de minérios de níquel, cobre, manganês e bauxita além de toneladas de ouro. Para permitir a comercialização desses materiais, foi construída a Estrada de Ferro Carajás. Ela contava, originalmente, com 892 km, conectando a Serra dos Carajás ao litoral maranhense.
Em seguida, quando o projeto da linha férrea estava sendo elaborado, gerou polêmica. Setores da opinião pública afirmavam que os minérios deveriam ser escoados pelos rios locais até um porto a ser construído nos arredores de Belém, de onde seria exportado. Portanto, foi insinuado inclusive que a ferrovia seria construída devido a contratos sigilosos com a US Steel para fornecimento de material para a obra. Assim, os governos do Pará e Maranhão também discutiam sobre o tema, disputando a infraestrutura.

A CVRD

Primeiramente, a capacidade de receber grandes navios nos arredores de Belém e no litoral maranhense foi apresentada como justificativa para construção da linha. Sendo assim, as águas do Pará não conseguiriam receber os maiores navios. Isto encareceria o frete e poderia inviabilizar a exportação o Japão, um dos principais clientes da Vale.
A obra se iniciou em 1978 e foi realizada pela CVRD com financiamento do Banco Mundial. Além de incentivos fiscais e recursos obtidos por debêntures da mineradora. O financiamento do Banco Mundial só ocorreu com a condição de que a Companhia e o Estado garantissem condições mínimas de sobrevivência aos povos indígenas da região.
A ferrovia foi inaugurada um ano e meio antes do previsto, em 1985. Em 1997 a CVRD foi privatizada e no mesmo ano a Estrada de Ferro Carajás foi concedida a ela por 30 anos.

Mapa mostrando a extensão da Estrada de Ferro Carajás
Por Bunks – Obra do próprio, CC BY-SA 3.0

A EFC além da mineração

Em 2016, alguns dos principais produtos transportados pela EFC foram minério de ferro (151,605 milhões de toneladas), minério de manganês (1,600 milhão de toneladas) e produtos de cobre (463 mil toneladas). Mas materiais não produzidos pelas minas paraenses também circularam. Foram, por exemplo, 845 mil toneladas de ferro gusa e 716 mil toneladas de combustíveis.
A Estrada de Ferro Carajás viabiliza diversas empresas produtoras de ferro gusa. E, atualmente, viabiliza também a operação da Ferrovia Norte Sul. Além disso, EFC é responsável por conectar o Porto do Itaqui ao interior do Brasil. A Norte Sul hoje alcança o litoral exclusivamente através da EFC, escoando pelo Porto do Itaqui os grãos e a celulose que capta.
Além do transporte de carga, na via circulam trens de passageiros. Cerca de 350 mil pessoas utilizam o serviço anualmente.

Foto mostrando uma parte do trilho da Estrada de Ferro Carajás
Por Fernando Santos Cunha Filho – Obra do próprio, CC BY 3.0

Impactos negativos e conflitos da linha férrea

Ferrovias de forma geral geram reclamações das comunidades vizinhas devido à poluição sonora.Além de interferências geradas no tráfego de pedestres e automóveis.
Acidentes nas linhas, por vezes fatais, também podem ser problemas. No caso da Estrada de Ferro Carajás, a interferência no tráfego se agrava pelo fato de alguns trens possuírem mais de 3 km de extensão (são os maiores trens de carga do mundo). A linha entre Pará e Maranhão também é geradora de tensões com grupos quilombolas e indígenas.

Autor: Francisco Militão

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5 comments on “A importância da Estrada de Ferro Carajás na mineração

Reply

Gratidão pelo ótimo conteúdo que pode me esclarecer bem certos pontos fundamentais do raciocínio em questão. Poucos sites sabem falar bem quando o assunto é esse. Mais uma vez parabéns!

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