Teoria da formação do petróleo pela matéria abiótica
Em meados do século XIX, o petróleo começou a ser utilizado em larga escala devido a invenção dos motores movidos a óleo diesel ou gasolina. Atualmente, muitos países são extremamente dependentes da comercialização desse composto. Isso porque ele ainda é a fonte de energia mais consumida. Assim sendo, é comum que você se pergunte como uma matéria prima tão importante é formada.
A teoria mais aceita é de que sua origem se dá a partir da decomposição da matéria orgânica, ou seja, de fósseis de animais. Entretanto, paira entre pesquisadores a teoria da formação do petróleo por meio da matéria abiótica.
Nesse sentido, a existência de duas teorias: a formação biótica e abiótica do petróleo, abre espaço para muitos questionamentos. Quer saber mais sobre o assunto? A leitura desse texto te guiará para a explicação e discussão dessas duas vertentes.
Teoria biótica
O petróleo é um líquido viscoso, menos denso que a água e acredita-se que é formado por diversos compostos orgânicos, ou seja, os hidrocarbonetos. Segundo a teoria biótica, ele é originado a partir de uma grande quantidade de organismos já decompostos, como plânctons. Combinado a isso, durante milhares de anos, as bacias sedimentares se formaram com a seca de mares. Dessa forma, os organismos mortos são acumulados e enterrados nesses assoalhos oceânicos ou bacias.
Essas regiões contam com a ausência de oxigênio e com alta temperatura e pressão. Dessa forma, se inicia a transformação da matéria orgânica naquilo que conhecemos como o petróleo. Após diversas fases, ele atinge seu estado final e parte para refinarias que produzem derivados do petróleo a partir da destilação. São esses derivados que fazem parte do nosso cotidiano, como o gás de petróleo, o gás de cozinha, nafta, gasolina, querosene, óleo diesel e combustível.
Teoria abiótica
Além dos hidrocarbonetos, o petróleo também contém o gás metano. Esse gás fez com que uma nova teoria surgisse: a que acredita na formação do petróleo pela matéria abiótica. De acordo com o portal InfoEscola, essa hipótese é fundamentada na origem inorgânica do petróleo. Nesse caso, o desenvolvimento teria ocorrido na parte inferior do manto terrestre. Tal evento teria se iniciado muito antes da presença de vida na Terra. Uma das sustentações dessa suposição é, justamente, o gás metano, uma vez que ele está presente na superfície de outros planetas do sistema solar.
Logo, esse processo de abiogênese do petróleo tem como um dos maiores pilares a existência de grande quantidade de gás metano nas camadas inferiores do planeta. Nessa teoria, o gás se transforma em hidrocarbonetos. Posteriormente, por meio de falhas, esse líquido se deslocaria até o fundo dos oceanos.
Todavia, resta a pergunta: como explicar a quantidade encontrada de matéria orgânica no petróleo? Segundo aqueles que acreditam nessa tese, isso se deve a microrganismos que degradam hidrocarbonetos e, ao passar do tempo, deixam fragmentos nas amostras de petróleo após a sua morte.
Questionamentos a Teoria Biótica
O início da construção da teoria da abiogênese do petróleo está marcado por questionamentos acerca da teoria biótica. Dessa maneira, os defensores dessa hipótese apontam algumas contradições apresentadas pela teoria original:
- A inexistência de fenômenos geológicos que possam explicar o soterramento de grandes massas vivas;
- Os depósitos de petróleo não apresentam quase nenhuma alteração química o que faz com que ele tenha a mesma assinatura biológica por toda sua extensão. Entretanto, os fósseis, que seriam os responsáveis pela formação de bacias petrolíferas, possuem diversas variações uma vez que conseguimos datá-los com precisão;
- Por fim, os organismos vivos possuem em sua totalidade 90% de água e todas suas massas somadas não poderiam produzir a quantidade de petróleo existente.
Além disso, uma pesquisa feita por cientistas do Laboratório de Geofísica da Instituição Carnegie, nos Estados Unidos, em conjunto com acadêmicos da Suécia e da Rússia, tem grande aceitação no que tange a teoria do petróleo abiótico. Esse grupo, ao utilizar uma célula de pressão e uma fonte de calor a laser, começaram o experimento. Nele, o metano (hidrocarboneto) foi submetido à pressões mais de 20 mil vezes maiores do que a pressão atmosférica ao nível do mar e a temperaturas variando de 700° C a mais de 1.200° C. Tais valores reproduzem as condições existentes de pressão e temperatura no manto.
Em consequência do experimento, o hidrocarboneto reagiu e deu origem a quatro outros: etano, propano, butano, hidrogênio molecular e grafite. Também, ao expor o etano às mesmas condições, ele retornou a sua fórmula antiga, ou seja, ao metano. Isso comprova que os hidrocarbonetos pesados podem existir nas camadas mais profundas da Terra.
Novas Proposições da Teoria de Formação do Petróleo
Nos dias de hoje, ainda levando em consideração que a teoria biótica é a mais disseminada, o petróleo seria uma fonte de recurso não renovável. Como divulgado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), a não descoberta de novas reservas de extração traz o cenário em que o petróleo se esgote nos próximos 40 anos. Isso ocasionaria a busca incansável por novas fontes de energia.
Porém, a hipótese abiogênica contradiz esse pressuposto pois afirma que os hidrocarbonetos são muito abundantes, produzidos espontaneamente pelo planeta em enormes quantidades. Dessa forma, o esgotamento de petróleo deixaria de ser uma preocupação dos países.
Além de ser fonte de energia, o petróleo é também uma matéria-prima de grande relevância econômica, utilizada na produção de diversas outras mercadorias. Exemplo disso são os plásticos, asfalto, borracha sintética, entre outros produtos.
Petróleo abiótico, uma teoria aceitável?
Apesar de difundida, a Teoria da formação do petróleo pela matéria abiótica ainda não é sustentada. Isso se dá pelo fato de que faltam comprovações quanto a ela.
Além disso, existem diversas contradições, principalmente, pelo fato de que há fontes abióticas do petróleo já encontradas, mas nunca em quantidades comercialmente lucrativas e não para definir todo o petróleo. Outras também abordam fatores químicos, físicos, geográficos e biológicos que impedem que essa matéria prima seja, em sua totalidade inorgânica. Um dos porquês relacionados a posição geográfica do petróleo refere-se ao fato de que quase sempre ele é em encontrado em bacias sedimentares. Assim, descarta-se a possibilidade de formação no manto.
Portanto, ainda não é certa a Teoria da formação do petróleo pela matéria abiótica. Por isso, não podemos difundi-la com convicção sem o aval da comunidade científica! Outrossim, a ausência de comprovações nos leva a lembrar que, por enquanto, o petróleo continua sendo uma fonte esgotável. Em breve, deveremos pensar alternativas para o futuro para que possamos conseguir substituí-lo!